segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Seguindo em frente...



Foi no dia das crianças que a minha criança se foi...


Dois dias antes eu li que ele não me amava mais, que tinha me esquecido...

Li que nossas conversas eram sem sentido.


Caí como uma construção que desaba.


Eu nunca imaginei ler essas coisas vindas dele, eu nunca me preparei para isso, nunca estive pronta. 


O discurso mudou e o “vou te amar para sempre” em menos de 3 meses se transformou em “eu não te amo mais”.


E ainda que isso tenha sido escrito na intenção de me machucar para eu me afastar, ainda que isso tenha sido escrito num esforço descomunal para que o tempo cumpra seu papel, essas palavras foram como a lucidez vinda de supetão.


O espetáculo acabou, a luz se acendeu, a cortina se fechou e tudo ficou limpo e claro: Se não há amor, não tem mais sentido lutar.


O último sinal de conexão se rompeu. Amanheci livre... sem o peso das correntes desse amor, sem a angustia de uma esperança infundada, sem o desespero. As lágrimas foram brotando sem esforço, rolando suavemente, sem expressão... nossa história tinha acabado dentro de mim, como o corpo em coma que se desliga da alma e provoca o sinal contínuo do débito cardíaco após o último pulso.


Por alguns minutos me senti um zumbi... um corpo sem alma, uma vida sem vida... 


Contudo, tinha combinado de ir à missa em outra igreja com uma amiga. Ela gosta de missa no sábado. Entre lágrimas mandei uma mensagem e fui... foi a primeira vez que servi na missa, passando o colhimento das oferendas, e percebi que Deus estava falando comigo naquele momento... A sensação de “pano de chão” foi imediatamente substituída por uma sublime felicidade, como uma brisa campestre... que te envolve e te faz quase seguir com ela. E eu, que tinha minhas resistências a alguns dogmas da Igreja Católica, senti o chamado e a minha reconciliação com a Igreja foi sacramentada. Lágrimas de emoção e senti o espírito santo presente no meu coração, toquei Nossa Senhora de Aparecida e senti o poder da intercessão da mãe de Jesus naquele toque. Senti o acolhimento, o abraço de mãe, a plenitude o amor, a força que precisava para ficar de pé. 


No dia 12/10/2014 rompi meus vínculos, não era mais dependente daquele amor, não me calcaria mais nos canais que mantínhamos para nos manter. Aquele amor se transformou em mim... minha mãe iria cuidar dele a partir dali. Levantei a cabeça e segui...


Não mudou a intensidade, não mudou a saudade, nem mesmo a vontade de estar junto novamente... mas não tem mais angústia, desespero. Só paz... saudade, mas em paz.


Estou olhando para frente, e enxergando as coisas que não enxergava mais. Já não importa mais onde ele está, com quem, se pensa em mim ou não. Ele está em mim...  e se ele não me ama mais, ele nunca me amou. FATO. O que posso fazer contra isso? Nada...


Eu disse tudo o que precisava, tudo o que podia. Eu fiz tudo o que era possível para mostrar o quanto eu o amava e o quanto precisava desse amor. Eu me expus, eu gritei, eu me rasguei.... Não posso fazer mais do que isso. Muito mais do que ter ele comigo eu queria ser amada por ele; mas eu não posso obriga-lo a sentir isso.


Perdi essa batalha, mas sigo lutando para ser feliz.

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