quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Fragilidades

Você voou... você mesmo disse,
E eu não te alcanço mais, você também disse.
Mas a verdade é que eu não consigo ir embora
E fico presa nesse mundo paralelo que construi
Vivendo o luto dos sonhos que você matou
E ainda que tente ir ali
Dar uns sorrisos
Beijar outra boca...
Quando me vejo em meu mundo
Ainda sou sua...
E vivo aqui, na minha clausura sem cadeados ou capataz,
Me alimentando de mim mesma
porque é aqui que você ainda mora
dentro de mim.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ainda não

Mas não pense que esqueci...
Meu coração ainda sangra
E meu estômago ainda se aperta e treme
As lágrimas enchem meus olhos
Eu ainda suspiro sem entender...
E todos os momentos eu te sinto dentro de mim
E todos os dias eu te vejo antes mesmo de abrir os olhos
E todas as noites eu te vejo mesmo depois e fechar os olhos.
E a maior certeza de tudo é que eu ainda te amo...

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Seguindo em frente...



Foi no dia das crianças que a minha criança se foi...


Dois dias antes eu li que ele não me amava mais, que tinha me esquecido...

Li que nossas conversas eram sem sentido.


Caí como uma construção que desaba.


Eu nunca imaginei ler essas coisas vindas dele, eu nunca me preparei para isso, nunca estive pronta. 


O discurso mudou e o “vou te amar para sempre” em menos de 3 meses se transformou em “eu não te amo mais”.


E ainda que isso tenha sido escrito na intenção de me machucar para eu me afastar, ainda que isso tenha sido escrito num esforço descomunal para que o tempo cumpra seu papel, essas palavras foram como a lucidez vinda de supetão.


O espetáculo acabou, a luz se acendeu, a cortina se fechou e tudo ficou limpo e claro: Se não há amor, não tem mais sentido lutar.


O último sinal de conexão se rompeu. Amanheci livre... sem o peso das correntes desse amor, sem a angustia de uma esperança infundada, sem o desespero. As lágrimas foram brotando sem esforço, rolando suavemente, sem expressão... nossa história tinha acabado dentro de mim, como o corpo em coma que se desliga da alma e provoca o sinal contínuo do débito cardíaco após o último pulso.


Por alguns minutos me senti um zumbi... um corpo sem alma, uma vida sem vida... 


Contudo, tinha combinado de ir à missa em outra igreja com uma amiga. Ela gosta de missa no sábado. Entre lágrimas mandei uma mensagem e fui... foi a primeira vez que servi na missa, passando o colhimento das oferendas, e percebi que Deus estava falando comigo naquele momento... A sensação de “pano de chão” foi imediatamente substituída por uma sublime felicidade, como uma brisa campestre... que te envolve e te faz quase seguir com ela. E eu, que tinha minhas resistências a alguns dogmas da Igreja Católica, senti o chamado e a minha reconciliação com a Igreja foi sacramentada. Lágrimas de emoção e senti o espírito santo presente no meu coração, toquei Nossa Senhora de Aparecida e senti o poder da intercessão da mãe de Jesus naquele toque. Senti o acolhimento, o abraço de mãe, a plenitude o amor, a força que precisava para ficar de pé. 


No dia 12/10/2014 rompi meus vínculos, não era mais dependente daquele amor, não me calcaria mais nos canais que mantínhamos para nos manter. Aquele amor se transformou em mim... minha mãe iria cuidar dele a partir dali. Levantei a cabeça e segui...


Não mudou a intensidade, não mudou a saudade, nem mesmo a vontade de estar junto novamente... mas não tem mais angústia, desespero. Só paz... saudade, mas em paz.


Estou olhando para frente, e enxergando as coisas que não enxergava mais. Já não importa mais onde ele está, com quem, se pensa em mim ou não. Ele está em mim...  e se ele não me ama mais, ele nunca me amou. FATO. O que posso fazer contra isso? Nada...


Eu disse tudo o que precisava, tudo o que podia. Eu fiz tudo o que era possível para mostrar o quanto eu o amava e o quanto precisava desse amor. Eu me expus, eu gritei, eu me rasguei.... Não posso fazer mais do que isso. Muito mais do que ter ele comigo eu queria ser amada por ele; mas eu não posso obriga-lo a sentir isso.


Perdi essa batalha, mas sigo lutando para ser feliz.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Racionalidades...




Acredito que a alma cansa de se espremer em lágrimas, começa a racionalidade...

Não, eu nunca conseguirei ver as coisas com outros olhos... eu ainda penso todas coisas que disse em brados e berros, em infindáveis mensagens, e-mails... é aquilo tudo mesmo que também me cansei de repetir.

Fui ao limite do que se pode, ou não, ir em nome do desespero de perder alguém e tudo se constatou num final dramático... que culminou no afastamento total...

Ainda não consigo ver o caminho lá na frente. Ainda estou em coma. Mas respiro sozinha e o risco de morte já não existe mais. Eu não sei se isso é o caminho que o Chico chamou de “tempo da delicadeza” ou se é uma autorregeneração que caminha para o esquecimento...

A questão é que, o processo “estamos terminando” terminou, o malhete soou e a sentença foi lida em alto e bom tom.

A lágrima diária é crônica, nos momentos em que as lembranças do nosso cotidiano tomam conta de mim... que não são raros, como aqueles hábitos essenciais... Sinto muito a falta deles; do “bom dia impessoal” das perguntas sobre mim, das sacanagens que mantinham acesso o desejo de estar juntos, das fotos, das horas falando e compartilhando nossas rotinas, de dormir com o boa noite dele, a benção, a oração... 


Além disso, sinto falta do contexto que me movia... de como eu sorria cada vez que ele me vinha à cabeça, das suas inserções sobre minha vida, do que me transformava, da menina que só ele fez emergir de dentro de mim. Sinto falta da inspiração que me fazia escrever coisas tão profundas e secretas... que me emocionam quando eu leio até hoje.

Tudo isso já fazia um tempo que não rolava, mas mesmo com essa ausência eu cultivava a esperança de ser uma fase ruim e confusa... Não o prenúncio do fim.

Contabilizando tudo, me sinto mutilada ainda... É como se a vida tivesse me assaltado numa esquina e arrancado de mim o meu bem mais precioso. Me sinto impotente!!! Também me sinto prisioneira dessa história, não é tão simples assim, eu sou muito parte disso tudo, é algo intrínseco a mim mesma, sou dele; cada célula, cada gota de sangue, cada pulso de vida... sou prisioneira desse amor.

Preciso despoluir a mente de sentimentos ruins, mágoas, indagações que preenchem meu coração e trazem angústia e desespero. Tenho o privilégio de conhecer o poder da oração, da reflexão, das inserções dentro de mim e preciso fazer mais uso disso. Sei que as coisas boas ainda estão aqui, preciso limpar minha alma e permitir que as coisas boas apoderem-se dos meus atos diários. Como sempre foi... Porque eu sempre fui assim! Feliz!

Se gritei e briguei pensando em mantê-lo comigo, fui tola e cega... Ele não estava mais comigo faz tempo. 


Agora só cabe aceitar... ou talvez apenas engolir.

-- My
11/09/2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Descaminhos



Falo tanto de amor,
Porque ele me
Falta e me dói.
Ele foi apartado de mim
No seu ápice.
Se encontra tão longe,
E tão dentro de mim,
Roendo o meu peito,
Preso no meu silêncio,
No silencio gritante
Da espera pelo irrevogável,
Nos pés do que
Foi conduzido para longe,
Por uma passagem
Estreita só de ida.
Ele se encontra
Onde eu nunca estou.
Esse amor, me deixou
Uma tristeza
Que há anos, repousa
Dentro de mim,
E acorda quando quer,
Fazendo estardalhaço,
No meu peito,
Arruinando-me,
Reduzindo-me
A uma cratera.
Eu venho andando
Pela vida a esmo
Lentamente,
Sem saber se chegarei
A algum lugar,
Porque há tempos,
Me perdi.
Eu envelheço só,
Sem amor
No escuro da minha
Existência vazia.


- Cida Baêta

sábado, 30 de agosto de 2014

Esquecer



Para esquecer é preciso lembrar,
Esquecer não é não lembrar mais
Esquecer é lembrar sem dor.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A Palavra Certa



A palavra certa é aquela que preenche as lacunas da alma.

que responde as perguntas e embala sensações de conforto.

A palavra certa é aquela que fala verdades e se isenta da hostilidade.

É aquela que mensura o peso e o tom do momento.

A palavra certa é aquela que queremos ouvir,

Que virá como o bálsamo para o nosso coração

Ou senão, como a tormenta que desvincula, mas que não deixa dúvida.

A palavra certa é necessária e não pode ser substituída por interjeições.

A palavra certa é aquela que, acima de tudo, sai do íntimo dos sentimentos

Sem rancores, sem mágoas, sem jogos, sem louvores...

é pura e simplesmente a palavra certa.