segunda-feira, 27 de junho de 2011

It's Over


Quando você rompe uma relação fica à mercê de 3 fases principais, senão 4:

Na primeira você chora muito, não aceita, não entende... pode até procurar, se humilhar ou não; pode apenas ficar num cantinho, lembrando e chorando, se torturando com aquilo que parecia ser o cenário daquele lance. Ouve as músicas que embalaram tudo, Le mensagens, torpedos, conversas, cartas, cartões... e tudo mais que seja a prova da existência do que aconteceu. Se perde em detalhes procurando encontrar um porquê, um sinal de que você se deixou enganar; que foi tudo uma mentira, uma viagem solitária ao imaginário daquele amor...

Mas as provas estão ali na sua frente, você conta quantas vezes ele escreveu que te amava, suspira e se pergunta: então era tudo mentira???? Você chora ainda mais! Tem pensamentos desesperados, vontade de ter atitudes insanas... E o resultado disso vai depender de quanto você se ama. Isso pode durar 2 dias, uma semana, um mês, a vida toda.... Depende única e exclusivamente da sua auto-estima. Se você não se matar, não viver uma vida inteira de lembranças e angustias ou não fizer algo que vá se arrepender depois você passa para a segunda fase.

A segunda fase consiste numa reflexão mais ponderada. Você continua a analisar o que passou e passa a ver as coisas com outros olhos. Tem a certeza que amou e desacredita em tudo o que foi dito. Aí você momentaneamente o odeia. Chinga, arruma mil adjetivos bem pejorativos, acha o cara um monstro. Seus defeitos se tornam características e você transforma tudo o que foi lindo num teatro “reality show” aonde ele tinha o script e você era a vítima da pegadinha. Nessa hora você tem que gritar... Você rasga fotos, bilhetes, quebra o telefone que comprou para falar com ele, corta o fio do fone de ouvido para nunca mais falar no skype. Apaga recadinhos e deleta ele de vários lugares que tinham vínculos.

Só que vai perceber que nada disso adianta. Que a dor permanece... Você abre a janela do MSN e grita: Porque? Sim, você ainda chora... às vezes se sente uma idiota, às vezes sente saudades, às vezes queria voltar no tempo... É uma confusão! Mas você vai descobrindo que sobrevive a tudo isso. Que as horas passam, os dias passam, a vida passa... As pessoas continuam felizes (inclusive ele), e apesar de perguntarem: O que você tem? Como você está? Ninguém vai parar sua vida para ouvir você, curtir sua fossa junto contigo. Aí você começa a reunir forças, recuperar seu valor, rir de novo... Você até descobre que tem um monte de outras coisas que te fazem feliz, mas que seu foco andava mirando apenas um ponto. Aí você passa para a 3ª fase.

Aí é que vem o grande passo para o futuro. Munida de todas as informações processadas nessa cabeça de pastel, você pode seguir váááários caminhos:

. Soltar a franga: é tem gente que cai na vida, fica com um monte, acha que assim pode provar para si mesmo que é querida, gostosa, desejada e que arrebata corações. No fundo, no fundo você quer apenas machucar o cara... Mas só vai descobrir isso mais tarde. É uma escolha perigosa... Na maioria das vezes quem se machuca é você.

. Se fechar no mundo: é o oposto da anterior. Você se fecha para a vida, não faz mais nada de interessante, se volta para si mesmo, lê, arruma as gavetas, organiza suas fotos, faz faxina nos seus papéis... Não aceita nenhum convite, não penteia o cabelo, não passa um baton. Você se mata estando viva. No mundo virtual é nessa hora que se comete o suicídio virtal, vc apaga todos os seus perfis, deleta todos os seus contatos e não fala mais com ninguém daquele círculo que te rodeava.

Você procura ele: mesmo sem saber porque e para quê... Você quer é ouvir a voz, ler suas palavras, você quer ver o que ele tem a dizer para você. Na verdade mesmo você quer jogar um monte de coisas na cara dele... E provavelmente não vai ouvir nada do que quer ouvir, porque os homens são assim, eles não pensam como nós. Este processo pode ser doloroso, você pode ouvir coisas que realmente não gostaria e outras que vão te surpreender. Este processo pode ser lento... várias conversas, vários encontros... Mas é preciso ter clareza de objetivo pois senão vira um relacionamento sem-vergonha...

Essa 3ª fase serve para arrumar a confusão interna, qualquer dos caminhos que você escolher vão construir um crescimento pessoal. Galinhar, se fechar ou procurar são escolhas e você não será mais a mesma depois disso. E a tal 4ª fase depende totalmente dessas suas escolhas. Cada caso é um caso e para cada caso uma das alternativas é adequada.

Se o cara é um galinha, te traiu, vive na balada, ta nem aí para você... Escolha a primeira opção. Vai lá, cai na gandaia, curte todas... Se você se machucar no final, pense que você se divertiu bastante. E ainda pode mudar o caminho no meio e escolher a segunda opção. Se foi uma decepção muito grande, daquelas que jamais você esperaria, melhor ficar direto com a segunda. Reflete, se encontre, procure resgatar o seu eu perdido aí dentro.

Agora, se você ainda gosta dele, e isso é maior do que qualquer outra coisa, procure-o. Fale tudo, com carinho, sem extravagância... esteja aberta a ouvir também. Pode ser que daí surja um relacionamento amadurecido, calcado na sinceridade... E também pode ser que haja a confirmação do fim, onde depois de todas as verdades ditas, chega-se à conclusão que não há mais entendimento. Mas aí você estará fortalecida e pronta para seguir em frente...

Bem, quem sou eu para dar conselhos, mas nos meus anos de vida acho que já vivi cada hipótese do amor, o canalha, o otário, o pegajoso, o indiferente, o prático, o sacana, o manipulador, o babaca, o fofo, o perfeito aos olhos dos outros... Já chorei, já fiz chorar, traí, fui traída. Sempre acho que sei me sair de todas mas isso é um engano, sempre somos vulneráveis quando a questão é amor.

O que importa é o que você sente. O que te faz feliz! E ser feliz nem sempre é o eterno, pois Vinícius de Morais já dizia, nos tempos da bossa nova, Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure.. O que durou foi eterno, pode continuar sendo ou não...

Myka
Escrito aos poucos, em fragmentos
de 20 a 26/06/2011