sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Racionalidades...




Acredito que a alma cansa de se espremer em lágrimas, começa a racionalidade...

Não, eu nunca conseguirei ver as coisas com outros olhos... eu ainda penso todas coisas que disse em brados e berros, em infindáveis mensagens, e-mails... é aquilo tudo mesmo que também me cansei de repetir.

Fui ao limite do que se pode, ou não, ir em nome do desespero de perder alguém e tudo se constatou num final dramático... que culminou no afastamento total...

Ainda não consigo ver o caminho lá na frente. Ainda estou em coma. Mas respiro sozinha e o risco de morte já não existe mais. Eu não sei se isso é o caminho que o Chico chamou de “tempo da delicadeza” ou se é uma autorregeneração que caminha para o esquecimento...

A questão é que, o processo “estamos terminando” terminou, o malhete soou e a sentença foi lida em alto e bom tom.

A lágrima diária é crônica, nos momentos em que as lembranças do nosso cotidiano tomam conta de mim... que não são raros, como aqueles hábitos essenciais... Sinto muito a falta deles; do “bom dia impessoal” das perguntas sobre mim, das sacanagens que mantinham acesso o desejo de estar juntos, das fotos, das horas falando e compartilhando nossas rotinas, de dormir com o boa noite dele, a benção, a oração... 


Além disso, sinto falta do contexto que me movia... de como eu sorria cada vez que ele me vinha à cabeça, das suas inserções sobre minha vida, do que me transformava, da menina que só ele fez emergir de dentro de mim. Sinto falta da inspiração que me fazia escrever coisas tão profundas e secretas... que me emocionam quando eu leio até hoje.

Tudo isso já fazia um tempo que não rolava, mas mesmo com essa ausência eu cultivava a esperança de ser uma fase ruim e confusa... Não o prenúncio do fim.

Contabilizando tudo, me sinto mutilada ainda... É como se a vida tivesse me assaltado numa esquina e arrancado de mim o meu bem mais precioso. Me sinto impotente!!! Também me sinto prisioneira dessa história, não é tão simples assim, eu sou muito parte disso tudo, é algo intrínseco a mim mesma, sou dele; cada célula, cada gota de sangue, cada pulso de vida... sou prisioneira desse amor.

Preciso despoluir a mente de sentimentos ruins, mágoas, indagações que preenchem meu coração e trazem angústia e desespero. Tenho o privilégio de conhecer o poder da oração, da reflexão, das inserções dentro de mim e preciso fazer mais uso disso. Sei que as coisas boas ainda estão aqui, preciso limpar minha alma e permitir que as coisas boas apoderem-se dos meus atos diários. Como sempre foi... Porque eu sempre fui assim! Feliz!

Se gritei e briguei pensando em mantê-lo comigo, fui tola e cega... Ele não estava mais comigo faz tempo. 


Agora só cabe aceitar... ou talvez apenas engolir.

-- My
11/09/2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Descaminhos



Falo tanto de amor,
Porque ele me
Falta e me dói.
Ele foi apartado de mim
No seu ápice.
Se encontra tão longe,
E tão dentro de mim,
Roendo o meu peito,
Preso no meu silêncio,
No silencio gritante
Da espera pelo irrevogável,
Nos pés do que
Foi conduzido para longe,
Por uma passagem
Estreita só de ida.
Ele se encontra
Onde eu nunca estou.
Esse amor, me deixou
Uma tristeza
Que há anos, repousa
Dentro de mim,
E acorda quando quer,
Fazendo estardalhaço,
No meu peito,
Arruinando-me,
Reduzindo-me
A uma cratera.
Eu venho andando
Pela vida a esmo
Lentamente,
Sem saber se chegarei
A algum lugar,
Porque há tempos,
Me perdi.
Eu envelheço só,
Sem amor
No escuro da minha
Existência vazia.


- Cida Baêta